Ainda faltavam 20 minutos para as oito horas da manhã desta segunda-feira 24 de janeiro e a escriturária Viviane da Silva Moura Felício já estava no Posto Central de Saúde com a filha Isabella e com todos os documentos necessários à mão. Dali alguns minutos, Isabella, de 11 anos, portadora do TEA, um tipo de autismo leve, seria protagonista de um fato histórico: se tornaria a primeira criança a ser vacinada contra a Covid-19 em Guará.

No braço direito, porque é canhota, Isabella recebeu a dose pediátrica da Pfizer da própria coordenadora de imunização do município, Thayana Toledo, que após a aplicação explicou à mãe como proceder em caso de alguma reação: se o braço ficar dolorido, colocar gelo; se houver um pouco de febre, dipirona para baixar a temperatura.

O início da vacinação em crianças marca uma etapa importante no processo de imunização contra a Covid-19. Guará fechou a semana anterior com 73,93% da população – incluindo o distrito de Pioneiros – com o esquema vacinal completo, o que deixa as pessoas protegidas contra os sintomas mais graves da doença.

Com a iniciativa de levar a filha de 11 anos para a vacinação, a escriturária Viviane quis justamente evitar o que já havia acontecido na sua família. A mãe e duas irmãs contraíram o vírus e chegaram a ser internadas, ficando à beira da UTI. O pai, Pedro Moura, teve menos sorte. Morreu em 2021.

“Prefiro prevenir do que remediar”, afirmou Viviane, ao comentar sobre a resistência à vacinação de uma parcela minoritária dos moradores, que insiste em colocar em descrédito as vacinas contra a Covid-19. “As sulas já vão começar, e acho importante, sim, vacinar as crianças”, destaca a mãe de Isabella, que daqui oito semanas poderá receber a segunda dose.

Kauã Silva de Freitas, também de 11 anos e portador do mesmo autismo leve de Isabella, da qual é primo, foi a segunda criança vacinada contra a Covid-19 em Guará. Tão logo a vacina foi liberada pela Anvisa, a mãe de Kauã, Eliana do Rosário Silva, fez a inscrição do filho pela internet e, assim que a Secretaria de Saúde de Guará anunciou a vacinação, fez o agendamento no Posto Central, para que o filho pudesse receber o imunizante. 

“Tive Covid, não cheguei a ser internada, mas passei 15 dias muito mal e, por isso, creio que o melhor é se prevenir”, explica Eliana. “Sobre vacinar as crianças, jamais pensei em não fazer”, ela acrescenta.

Enquanto Kauã levava a picada no braço, Betina Palmieri Ambrósio, de 7 anos, máscara dupla de proteção no rosto, aguardava a vez, pacientemente sentada em um dos bancos de espera, vendo desenho animado no tablet, ao lado da mãe, Carla. 

Questionada se estava com medo da vacina, a menina fez um vigoroso sinal de “não” com a cabeça. “Ela não está com medo”, confirmou Carla Palmieri Ambrósio. “Conversei muito com ela, para explicar que a vacina é necessária”, disse a mãe.

Em Guará, a vacinação de crianças com comorbidades continua no Posto Central. Basta o responsável comparecer ao posto com os documentos necessários para agendar a aplicação. Crianças sem comobridades serão vacinadas quando chegarem novos lotes, o que não deve demorar, agora que a Anvisa liberou a Coronavac – produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo – para crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos de idade. 

Acesse as redes sociais da prefeitura e fique atento ao carro de som, que as autoridades de saúde vão informar o cronograma da vacinação até que todos os guaraenses estejam protegidos.