O 10 de abril deste ano foi uma data histórica para o esporte amador de Guará. Naquele dia, Serimilha Fátima dos Santos Silva tornou-se, aos 41 anos de idade, a primeira mulher maratonista da cidade, ao competir na 26ª Maratona Internacional de São Paulo. Serimilha completou os 42 quilômetros e 195 metros da prova em 4 horas e 10 minutos.

Ter disputado sua primeira maratona foi o coroamento de uma vitória pessoal: diagnosticada com bronquite asmática desde a infância, Serimilha sofreu com crises constantes até os 35 anos de idade. “Eu vivia em hospitais”, conta ela, que nasceu em Guará e, antes de voltar à terra natal, morou em São Paulo e Orlândia. “Praticar esporte, para mim, era uma coisa impossível. Durante muito tempo eu não conseguia fazer sequer uma caminhada.”

A realidade mudou a partir do momento em que Serimilha se viu curada da bronquite asmática. Livre da doença, ela passou a integrar o projeto social Começar Correndo do Zero, que incentiva a prática esportiva em Guará. Faz dois anos que Serimilha disputa provas de rua, com percursos de 5 km e 10 km. 

Correr uma maratona, no entanto, ainda era um sonho distante, que ela conseguiu antecipar em alguns meses. “Havia prometido a mim mesma que quando tivesse 42 anos eu iria disputar uma maratona”, diz ela, que fará 42 em junho próximo. Não por acaso, 42 é também o número de quilômetros da prova mais longa do atletismo.

Disputada desde 1995, a Maratona Internacional de São Paulo reúne, além de corredores amadores, alguns dos maiores atletas do mundo. A prova começa e termina no Obelisco do Parque Ibirapuera, incluindo trechos pelo campus da USP e pela pista do Jockey Clube, além de viadutos da capital paulista. O melhor tempo da história da prova (2h11m19s) foi cravado em 2002 por Vanderlei Cordeiro de Lima, medalhista de bronze na Olimpíada de Atenas, em 2004.

Para conseguir completar o percurso da Maratona de São Paulo, Serimilha realizou treinos específicos desde o dia 2 de janeiro deste ano, com auxílio de treinador e nutricionista. Duas semanas antes da prova, porém, ela sofreu com crises de ansiedade, que a obrigaram a voltar a tomar remédios dos tempos de tratamento contra a bronquite. 

Serimilha chegou a temer não ter condições de disputar a prova. Mais um drama superado por esta mulher que, depois de vários empregos, formou-se protética e hoje produz próteses dentárias em Guará.

A superação pessoal não significa que Serimilha dos Santos Silva vá parar por aí. Ela pretende continuar disputando provas mais curtas – a próxima, de 10 km, está prevista para o dia 15 de maio, em Morro Agudo – e quer também, na virada do ano, voltar a disputar a São Silvestre, que já correu neste ano. 

E, para o ano que vem, a meta é correr a Maratona do Rio de Janeiro. “Pretendo disputar uma maratona por ano, em cidades diferentes”, anuncia Serimilha. “Espero que minha experiência de vida sirva de exemplo para outras pessoas”, ela deseja.