BIANCA NAVARRO: APAIXONADA POR CAVALOS, VENCEDORA EM RODEIOS

Categoria: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Publicado em: 04/09/2023 13:14:33

 

Como na música de Chico Buarque, todo dia ela faz tudo sempre igual: pula da cama antes das sete, prepara o café, alimenta a bicharada do pet shop e às oito horas abre as portas do estabelecimento – mantido por ela e o marido na Rua Deputado João de Faria, na altura do Jardim Alvorada – para mais um dia de trabalho nesse mundão velho sem porteira.

O que diferencia o dia-a-dia de Bianca Navarro da rotina de praticamente todos os outros guaraenses é que, na sequência das tarefas matutinas, ela cuida de duas paixões de grande porte: Fly e Croga, os cavalos com os quais disputa campeonatos de tambores em rodeios no interior de São Paulo e Minas Gerais.

Fly – que completa cinco anos em setembro – e Croga, sobrinho dele, mais jovem, moram em duas baias de uma chácara cujo fundo se avizinha com o Rio Verde. Os quartos de milha a pressentem pelo cheiro: mal Bianca chega, os animais deixam a toca para receber a primeira das quatro porções diárias de alimentação, composta por feno, ração, suplementos e água à vontade.

Com Fly, Bianca Navarro conquistou no dia 12 de agosto último, em Campo Florido, no Triângulo Mineiro, seu primeiro grande título em 2023. Ela venceu a prova profissional feminina, superando 37 competidoras, em um dia particularmente complicado.

Com forte dor de dente, admite não ter corrido bem na classificação. Para piorar, na primeira passagem, o aparelho de fotocélula “travou” e deixou de registrar o tempo. Restava, portanto, apenas a segunda e última tentativa. “Acariciei o Fly e disse a ele: agora somos só eu e você, companheiro.” Com 15 segundos e 193 milésimos, Bianca marcou o sétimo tempo e qualificou-se para a final, entre as dez melhores amazonas.

Nascida no Texas (EUA), a Prova dos Três Tambores é a favorita de muitos freqüentadores de rodeios, por exigir velocidade e excepcional coordenação motora do cavaleiro ou da amazona. A prova consiste em contornar três tambores, dispostos em forma de triângulo, cerca de 30 metros um do outro. O primeiro deve ser contornado à direita; os outros dois, à esquerda. Vale o menor tempo.

Naquela noite em Campo Florido, Bianca suou frio diante da arena lotada. A dor continuava tipo... insuportável. Bianca fazia um tratamento de canal e, naquele sábado, o maledeto do dente resolveu zangar.

“Comi um pão pra forrar o estômago, tomei uma cartela quase inteira de cataflam e fui à luta”, conta Bianca, que marcou 14s616 – na final, o competidor tem direito a somente uma corrida – e garantiu o troféu de campeã.

O alto do pódio em Campo Florido foi o quinto título conquistado neste ano. Os outros foram um quinto lugar em Pontal (SP), um terceiro em Itirapuã (SP) e dois segundos lugares, em São Tomás de Aquino (MG) e Patrocínio Paulista (SP). Em nove provas disputadas em 2023, Bianca chegou às finais em oito.

Desde 2015, quando se profissionalizou, foram 37 títulos. Os próximos desafios já estão marcados: dia 9 de setembro em Buritizal e dia 16 em Pratápolis (MG), com alguma chance de, no dia 2, disputar também o rodeio de Orindiúva, na região de São José do Rio Preto.

Filha de José Antônio Donizete Telles (Tita) e Lucimar Mendes de Oliveira, atualmente com 27 anos de idade, Bianca Navarro conta que se apaixonou por cavalos em 2009, ao observar a movimentação em uma escola de equitação próxima de casa.

Ao mudar-se, com o pai, para Ituverava, foi convidada a representar o Rancho Carolina em rodeios regionais. E não parou mais. Começou a disputar provas na categoria amadora e, com a conquista de títulos, acabou catapultada para a categoria profissional.

Bianca adquiriu Fly há quatro anos, em Bauru, atraída por um anúncio na internet. “Sempre quis um animal escuro”, afirma ela. “Gosto dessa genética.”

Para domá-lo, assim como fez também com Croga, Bianca Navarro utilizou o método desenvolvido por índios sul-americanos que consiste em domar o cavalo de acordo com sua natureza, evitando causar medo e dor ao animal, ganhando sua confiança e lealdade.

Ao contrário da doma tradicional, o método não requer força nem preparo físico do domador. Em vez disso, é preciso conhecer em profundidade o cavalo e saber ensinar, progressivamente, o que ele precisará saber fazer.

“Na doma índia, você começa montando o cavalo em pelo e vai, aos poucos, apresentando a ele os equipamentos, a manta, a sela, o freio, os comandos. Ensina-se o cavalo até a se acostumar com gente, com som”, explica Bianca.

“Não gosto de cavalos que já tenham sido montados por outra pessoa”, ela acrescenta. Assim foi, também, com a égua Dalila, com a qual Bianca competiu até 2020, conquistando títulos importantes em Franca, Cristais Paulista e São Tomás de Aquino. “Por causa de um acidente no olho, em um haras, ela perdeu a visão”, conta Bianca, enxugando uma lágrima.

Com Fly e Croga, Bianca estica as atividades diárias a partir das 16h30, quando, já no frescor do fim de tarde, antes da última alimentação, ela os coloca em movimentação para, como qualquer atleta, treinar a respiração e aprimorar o condicionamento físico, “em um ritmo mais leve que o de competição”, explica. “Tenho meu serviço”, diz ela, se referindo ao pet shop, “mas o meu final de dia tem que ser com eles”.

Bianca Navarro anda particularmente satisfeita com o desempenho de Fly, o seu preferido para as provas. “Ele anda baixando os tempos”, ressalta a amazona. “Creio que o suplemento tem dado grande suporte nutricional a ele”, acredita Bianca, que o alimenta com óleo de linhaça “Raça Pura”.

Esta é uma das empresas que a patrocinam. A outra é a fabricantes de botas Tróia Boots, de Jeriquara, que possui uma loja de varejo em Ituverava. “Gostaria muito que outras empresas fizessem parte do meu time, para divulgar suas marcas”, ela propõe.

Bianca expõe em seu próprio corpo a paixão pelos animais, como comprovam as quatro patas de cachorro no antebraço direito e as pequenas quatro ferraduras tatuadas no antebraço esquerdo. Nas dez juntas dos dedos das mãos, a frase “3 tambores”, finalizada com um coração.

“Amo animais, principalmente os cavalos. Eles são tudo pra mim. Quando falo tudo, é tudo mesmo. Tive a ideia de unir a paixão por eles com algum esporte. E hoje vivo disso. Vivo e respiro cavalo. Não sei ficar sem eles”, declara a amazona guaraense.