Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município de Guará realizou a ação comunitária sobre o dia da Consciência Negra.

Categoria: OUTRAS
Publicado em: 12/02/2019 14:45:17


Nesta última quinta-feira, 13, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município de Guará realizou a ação comunitária sobre o dia da Consciência Negra. Nos últimos tempos, nós do CRAS não estamos medindo esforços para qualificar nosso trabalho em sintonia e coerência com as prerrogativas do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Vimos há pouco mais de um ano dando mais ênfase e desenvolvendo atividades coletivas, realizando ações comunitárias com diversas temáticas, atendendo famílias em grupo, participando de capacitação, etc...numa busca incessante de oferecer a melhor atenção possível à população guaraense. Também temos investido em ampliar o olhar da Assistência Social para as vulnerabilidades ou desproteções relacionais, ou seja, para questões que não estão vinculadas necessariamente à questão de renda/pobreza. Assim, numa perspectiva alargada, a Assistência Social também tem a responsabilidade de enfrentar e contribuir para minimizar situações de conflito, isolamento, violências das diversas naturezas e discriminações - seja devido à orientação sexual, de gênero, étnico-racial, ao envelhecimento, etc, pois entendemos que essas situações contribuem e intensificam as condições de desproteção e violação de direitos.



No que diz respeito a população negra, esta se encontra entre os maiores índices relacionados à falta de renda, piores condições de trabalho, o não acesso à educação. Infelizmente esta população também lidera o ranking de vítimas de violência - seja através de jovens negros assassinados violentamente; mulheres negras nas diversas situações de violência, feminicídio. O Atlas da Violência publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2017 diz que população negra está no principal índice das pessoas que possuem maiores chances de serem vítimas de homicídios e que “de cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras. Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra.” Nesse sentido, por ainda existir um abismo social imensurável para a população negra e esta se encontrar entre os piores indicadores sociais, se torna uma tarefa urgente da Assistência Social também contribuir no combate ao racismo. Exemplo dessa necessidade, é o fato do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) ter lançado uma campanha em Dezembro de 2017 intitulada "SUAS contra o racismo", por entender que a população que mais chega para a Assistência Social é a negra e que os/as profissionais precisam ter esse olhar cuidadoso de combate ao racismo.



Assim, a ação comunitária é uma das atividades que compõem o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) no CRAS. Considerando todas estas questões, a ação foi realizada com o objetivo de fomentar esta discussão junto à população guaraense, aos diversos serviços que compõe a rede socioassistencial, aos profissionais da educação, etc. Durante o dia todo houveram atividades: no período da manhã durante a abertura pudemos contar com a participação da senhora Sidineia Severino Ferreira, representante da comunidade negra de Guará, e para a palestra contamos com a presença das professoras Dra. Maria Cristina de Souza (UFTM) e Ms. Aline Rosa (UFU) para falarem sobre "As desigualdades étnico-raciais e as ações afirmativas: reflexões sobre a lei 10.639 e as cotas raciais" e no período da tarde as integrantes do Projeto de Extensão Temas Raciais da UFTM realizaram oficinas de Bonecas Abayomi e de Turbante para as famílias atendidas pela Assistência Social, como forma de resgate e valorização da história africana e da cultura negra. Sem dúvidas, foi um marco importante para o município no sentido de evidenciar a necessidade da discussão desta temática, visto que as situações que intensificam as desproteções devido ao racismo, também ocorrem no município.